domingo, 30 de setembro de 2012

A “saudável” parceria entre o fisco e o contador


Agentes do governo costumam dizer, nas palestras para a classe contábil, que o contador é o grande parceiro do processo de arrecadação de tributos.

Para aprofundar neste discurso vamos, primeiramente, buscar o significado da palavra parceiro. No dicionário, a definição encontrada é "cada um dos indivíduos ou empresas que se associam para realizar ou desenvolver projetos comuns, permitindo a cada uma das partes servir melhor os interesses da outra."

A parceria sadia é aquela na qual um contribui de alguma forma para que o outro seja beneficiado. No entanto, a recíproca deve ser verdadeira, ou seja, ambos devem obter benefícios.

No caso tributário, o governo, nas diversas esferas, pede que o contador atue como agente fiscal. Espera que fiscalizemos nossos clientes para denunciá-los tão logo seja identificada qualquer anormalidade capaz de trazer danos ao erário. A primeira pergunta a se fazer é se cabe ao contador fiscalizar a empresa para a qual presta serviços.

É importante frisar que o foco do contador não é prestar informações ao fisco, mas controlar, planejar e orientar o cliente para a boa gestão empresarial. A empresa deve gerar empregos, fabricar produtos que supra as necessidades e o conforto das pessoas, arrecadar tributos, gerar lucro aos sócios e prosperar.

Será que a tão propalada "parceria" que o fisco invoca nas conversas com a classe contábil procede? Alguma vez o fisco informou qual é o retorno oferecido ao contador? Eu informo. Muitas vezes sobra demagogia, mau atendimento, pouco caso e pesadas multas, que resta ao contador arcar.

Um traço de parceria poderia haver caso os erros do fisco que resultam em retrabalho fossem multados em favor do contador, o que beneficiaria o profissional zeloso e ainda permita uma reserva para compensar futuros prejuízos.

Não é assim. Ao contrário, além de não ser ressarcido, ainda temos de despender tempo para justificar que foi feito certo. Que parceria é esta?
Nenhuma. Não pode haver parceria que apenas um lado se doa. O governo exige demais e retorna de menos, a não ser pesadas multas no descumprimento de prazos, muitas vezes perdido pela falta de condições para a efetivação do trabalho.

Para estabelecer a tão falada parceria sugiro a eliminação das penalidades e ofertar condições dignas de trabalho, com prazos justos para atender as obrigações acessórias.

Cada uma das partes - governo e contador - deve procurar servir melhor aos interesses da outra, única possibilidade de formar a verdadeira parceria.

Gilmar Duarte da Silva é empresário contábil, palestrante e autor do livro “Honorários Contábeis. Uma solução baseada no estudo do tempo aplicado” e palestrante.

domingo, 23 de setembro de 2012

Ser dono do próprio nariz exige conhecimentos para administrar


Resumo: Conhecer as aptidões e expectativas de um jovem é determinante para o seu sucesso. É crescente o número de pessoas que se lança no mercado empreendedor, então a grande expertise é estar preparado.

Tags: administração, empresa, faculdade, empresário.  

O sucesso pessoal e profissional está diretamente ligado à felicidade, medidos pela satisfação pessoal e pela melhor remuneração financeira.

De acordo com informação publicada este ano na Gazeta Online com informações do instituto norte-americano Marist Institute for Public Opinion, “aqueles que ganham uma média de U$ 50 mil, ou cerca de R$ 95 mil por ano (R$ 7,9 mil por mês) são mais felizes e satisfeitos do que aqueles que ganham menos ou mais do que isso.”

“Ser dono do próprio nariz”, ou seja, ter a própria empresa aumenta significativamente as responsabilidades, mas vem acompanhado de muitos benefícios. Os principais são o horário de trabalho, que pode ser mais flexível, e a possibilidade de maior remuneração. Ambos atendem aos anseios familiares. No entanto é frequente ouvirmos empresários que reclamam de dificuldades para administrar seus negócios. Para piorar, as estatísticas de mortalidade das empresas são elevadas.

Pessoas que se lançam no exigente terreno da gestão empresarial sem experiência muitas vezes perdem todas as economias e se veem obrigadas a retornar ao disputadíssimo mercado do emprego formal, em alguns casos com ganhos menores.  Em que pesem as dificuldades, é real a possibilidade de tornarem-se empresários. A grande questão é: como se preparar?

Os jovens têm dificuldades para decidir pela profissão e nem sempre contam com o apoio dos pais ou professores nesta tarefa. O resultado mais do que conhecido é que muitos deles cursam a faculdade errada. Algumas profissões são mais disputadas em função da visibilidade e do significado que já possuíram no passado, dando a impressão de garantia de futuro soberano.

Não são raros os jovens que perdem longos anos de suas vidas tentando, sem sucesso, ser aprovados no disputadíssimo vestibular. Outros estudam um ou dois anos e concluem que não é o que almejam. Alguns concluem a universidade, mas nunca chegam a exercer a profissão, e há ainda aqueles que exercem profissão enquanto tornam-se empresários.

Grande parcela destes jovens decide tornar-se empresária com pouco ou nenhum conhecimento sobre a administração do negócio. Onde está o erro? Talvez no momento de identificar os objetivos profissionais.

Costumo dizer ao jovem indeciso quanto ao futuro profissional que curse administração de empresas, pois esta nunca será perdida. Afinal, na pior das hipóteses, somos todos administradores das finanças pessoais. E como já dito, a chance de constituir uma empresa nos dias de hoje é grande. Saber administrar é o primeiro passo de um empresário sucesso.

Gilmar Duarte é empresário contábil, palestrante e autor do livro "Honorários Contábeis. Uma solução com base no estudo do tempo aplicado”

domingo, 16 de setembro de 2012

O tabelamento dos honorários contábeis


Resumo: Controlar as tarefas e anotar o tempo pode ser complexo. Ao menos é o que relatam alguns empresários em minhas palestras. Vamos, então, fazer uma breve reflexão sobre outra forma que seja mais prática, demande pouco esforço e que atinja o alvo.

Tags: tabelamento, aviltamento, honorário, contabilidade.

Começamos determinando exatamente qual é o alvo que pretendemos atingir. Acredito que você concorda que o principal objetivo é definir o valor dos serviços prestados de forma equilibrada, capaz de cobrir todos os custos e despesas envolvidas e gerar lucro. O desejo de todo empresário é conhecer os custos e a lucratividade por serviço e por cliente.

O próximo passo é definir o preço dos serviços. Esta tarefa é labiríntica, sabemos disso, e com a intenção de facilitar vamos focar a análise na proposta de tabelamento, normalmente publicadas pelos sindicatos de classe. Mas como se chega até os valores ali propostos, como confeccioná-la? Parece que reunir alguns empresários contábeis, de preferência os oriundos de grandes empresas e que costumeiramente praticam preços acima da média do mercado, torna possível estabelecer a tabela que contempla todos os serviços com boa lucratividade.

Tabela feita, o próximo passo é divulgá-la e suplicar a todos os empresários contábeis que a adotem, colocando um fim no tão propagado aviltamento dos honorários. Esta tabela deverá ser uma proposta indicativa, pois do contrário poderá ser enquadrada como cartelização pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Se a tabela foi criada com critérios bem definidos e aplicação de margem de lucro razoável, é provável que sugira preços justos. Do contrário, sua aplicação poderá favorecer a adoção de descontos, muitas vezes exagerados. Se isto ocorrer, ao descrédito de sua eficácia seguirá o abandono.

Na minha avaliação, a existência de tabelas de preços oferecida por alguma associação de classe não dispensa o empresário contábil de ter seus próprios controles de custo e formação do preço de venda. Só assim será possível aferir a mesma, propor correções e, especialmente, conhecer a real necessidade de conceder algum desconto.

Por fim sugiro precificar os serviços com base no tempo aplicado e se for possível, dentro do que é legal, criar a tabela dos preços mínimos, o que contribui muito para a valorização da classe.

Gilmar Duarte é empresário contábil, palestrante e autor do livro "Honorários Contábeis. Uma solução com base no estudo do tempo aplicado"
16/09/2012

domingo, 9 de setembro de 2012

O tempo dos colaboradores é a sua principal matéria-prima?


Resumo: A compra de matéria-prima para fabricar produtos ou mercadorias é feita sob rigoroso controle do estoque, tarefa normalmente auxiliada por um sistema. Se a matéria-prima das empresas prestadoras de serviços, quase sempre muito cara, é a mão de obra dos colaboradores, por que nesta também não se aplica um rígido controle para evitar o desperdício?

Tags: tempo, mão de obra, controle,

Descrição:
Tenho proferido muitas palestras para empresários­ contábeis e alunos de contabilidade e administração com o objetivo de divulgar a metodologia de precificação da hora trabalhada com base no tempo aplicado nas tarefas. Observo que tudo vai muito bem até que se fale na marcação do tempo. Parece que anotar algumas informações relativas ao tempo é algo muito complexo.

O tempo é finito, ou seja, vai terminar para cada um de nós, e é um dos bens mais preciosos da nossa vida. Se isto é verdade, por que temos tanta resistência no controle para utilizá-lo da melhor forma possível?

Fazer a contabilidade de qualquer empresa demanda apenas cinco informações: data, conta débito, conta crédito, valor e histórico. Com estas informações são gerados muitos relatórios para a análise do desempenho, como o Balanço Patrimonial, DRE, DOAR, DFC, Mutações do Patrimônio Líquido, razão e outras mais. Considero impressionante o que a contabilidade pode gerar com estas pouquíssimas, mas valiosas, informações.

O mesmo acontece com o controle do tempo. Calculá-lo depende de apenas seis informações: cliente, colaborador, serviço, data, hora inicial e hora final. Com base nestas anotações que cada colaborador faz diariamente é possível conhecer, num determinado período, o tempo aplicado por colaborador em cada cliente, o tempo mensal necessário para executar as tarefas de cada cliente, como cada colaborador aplicou o seu tempo, quais tarefas tomam mais tempo da sua equipe e qual o lucro líquido gerado por cada cliente, entre outras análises.

Para precificar o tempo apure todos os custos diretos fixos e variáveis, gastos fixos indiretos e determine o lucro líquido desejado. Em seguida multiplique o valor da hora pelo tempo necessário para executar o serviço e encontrará o valor do serviço.

Por que muitos acreditam ser difícil marcar o tempo? Tenho certeza absoluta de que a dificuldade decorre do desconhecimento, da ausência de tentativa ou de um possível erro que marcou a experiência inicial, o que impediu que os grandes benefícios gerados por este pequeno trabalho aparecessem.

Sem o controle o tempo, que é o bem mais precioso que você e os seus colaboradores possuem, pode se esgotar mais rápido do que se imagina, sem sequer ter sido valorizado adequadamente.


Gilmar Duarte da Silva é empresário contábil, autor do livro “Honorários Contábeis. Uma solução baseada no estudo do tempo aplicado” e palestrante.
09/09/2012

domingo, 2 de setembro de 2012

A chave da precificação


Resumo: O desenvolvimento de um produto exige muita criatividade e o acompanhamento de um bom profissional capaz de precificá-lo. Se houver falha nesta arte, o produto corre o risco de nunca chegar às prateleiras do comércio.

Tags: precificação, pesquisa de mercado, custo, lucro.

Descrição:
Determinar o preço de venda de um produto ou serviço é uma tarefa muito complexa e demanda um profissional com sólidos conhecimentos de custos e de mercado. Não basta ser um expert em cálculos, o que é suficiente para definir um preço justo para o vendedor, mas que, o comprador pode não estar disposto a bancar.

Este profissional, do qual o mercado carece, deve estudar todo o processo produtivo e ser um especialista, ou, ao menos, deter bons conhecimentos daquilo que compõe o custo variável, os custos e despesas fixas, além de sempre investir no estudo da tributação incidente sobre o produto ou serviço.

Estas características ainda serão insuficientes para determinar o preço do produto ou serviço, então é necessário fazer a pesquisa de mercado para conhecer quais são os produtos que irão concorrer e o valor que o consumidor está disposto a pagar. Relacionar os preços praticados e os diferenciais em relação ao produto ou serviços a serem lançados no mercado contribuirá significativamente para determinar o preço de venda.

Veja como esses dados estão sendo utilizados no comércio e, de posse dessas informações, organize-as. Com o auxílio de um software de custeio descubra se a comercialização do produto ou serviço irá lhe proporcionar lucratividade. Se o resultado for negativo é necessário revisar todos os processos produtivos, materiais aplicados e demais custos nele inseridos, com o objetivo de reduzi-los. Muitas vezes será necessário mudar o projeto ou até abortá-lo. O importante é obter lucro, ainda que modesto.

O produto ou serviço que, inicialmente, teve a precificação com lucratividade aceita pelo mercado deve ter esse valor avaliado periodicamente, para não incorrer em prejuízos decorrentes de alterações no custo. Os movimentos dos concorrentes também devem ser acompanhados, pois, caso mudem de estratégias, a resposta tem de ser rápida.

“A chave para a precificação lucrativa é reconhecer que os consumidores no mercado, não os custos, determinam o valor de venda de um produto. Por conseguinte, antes de incorrer em qualquer custo, os gerentes devem estimar quanto os consumidores podem ser convencidos a pagar por um futuro produto”.  Quem defende esta importante ideia é Thomas T. Nagle, autor do livro “Estratégia e Táticas de Preços”, publicado em 2007.

Gilmar Duarte da Silva é empresário contábil e autor do livro “Honorários Contábeis. Uma solução baseada no estudo do tempo aplicado.”