Por
vezes encontramos colegas desanimados com a profissão de contador. As reclamações
são muitas e por vezes justas. Mas temos o direito de desistir? Existe
profissão sem pedras pelo caminho?
Na
profissão de contador, os motivos para nos entregarmos ao desânimo são tantos
que em alguns momentos desejamos que nossos filhos nunca optem pela
contabilidade. A extrema exigência por parte da fiscalização com pesadas
multas, colegas menos experientes que aviltam os honorários, excessiva
legislação tributária (mais de duas por hora) que nos obrigam a estudar
constantemente, perda de clientes e redução da lucratividade são alguns dos principais
motivos que desestimulam os profissionais da contabilidade e os fazem pensar
que qualquer outra atividade os farão sofrer menos e serem melhores
reconhecidos.
Mas
necessário se faz a reflexão, pois há tantas situações que também apresentam barreiras
tão grandes como as nossas, ou talvez ainda maiores. Vejamos o caso de Tony
Melendez, o homem sem braços, mas que superou seus limites e tocou violão numa
linda apresentação para o Papa Joao Paulo II; ou Vanderlei Cordeiro de Lima, o
atleta brasileiro que sonhou com a medalha de ouro nas Olimpíadas de 2004 em
Atenas, mas que devido ao protesto de um irlandês foi tolhido, porém não perdeu
a alegria pela conquista da terceira colocação; ou da mãe etíope que vê seu
filho morrer em seus braços por fome, mas alegremente o entrega a Deus.
Entendo
que nós, contadores, exercemos uma profissão com tantos privilégios que só deveríamos
agradecer a Deus por nos iluminar nesta escolha. Vejam alguns dos privilégios
da profissão: toda empresa deve ser assessorada por um contador; o trabalho é
exercido num ambiente saudável; a remuneração é acima da média do rendimento dos
cidadãos brasileiros; a acirrada concorrência incentiva o profissional a manter-se
constantemente atualizado, inclusive em relação à tecnologia; muitos cursos,
congressos e seminários são promovidos, o que, além de contribuir para a
constante qualificação profissional, permite ao contador viajar e conhecer novos
lugares e pessoas; é um profissional respeitado pela sociedade, sendo o único
que pode declarar, e ser aceito por todas as esferas, o rendimento de um indivíduo;
por fim, digo que a magnitude da profissão é tão extraordinária que teve o seu
início na Idade Moderna, dentro da igreja, por um frei.
Um
pai não tem o direito de desanimar, pois é o alicerce da família. Um bom
político deve dar exemplo de persistência e demonstrar que vai melhor; o piloto
de um avião desgovernado deve lutar com todas as forças e calma até o último
minuto na certeza que vencerá o iminente acidente; o professor da periferia sem
as mínimas condições de lecionar faz o impossível e dá o que tem de melhor aos
seus alunos; o maratonista não se entrega mesmo diante das adversidades e
demonstra toda a alegria por finalizar a prova e o mundo o aplaude de pé pelo o
que fez.
O
contador é um maratonista sabedor de que a sua jornada é longa e exigirá
determinação. Ele desconhece todos os obstáculos que podem surgir – alguns
assustadores -, mas logo busca forças para superá-los. Pode ser até que ele não
chegue em primeiro lugar, mas o pódio está garantido na vida dos nossos familiares
e daqueles que torcem por nós.
Dizer
que já lutou muito pela classe e isto de nada adiantou é atitude de um
perdedor, pois sabemos que todas as barreiras colocadas podem e devem ser
superadas. Assim conquistará forças suficientes para ultrapassar os próximos
obstáculos. Quem desiste está acabado!
Não
precisamos ser o profissional contábil reconhecido por toda a sociedade, mas dar
o melhor de nós, sempre e sem desânimo, para contribuir com o crescimento da
categoria é um dever a ser exercido com alegria, como o aviãozinho do Vanderlei
Cordeiro de Lima ao final de cada nova conquista.
Tags: aviltamento,
honorário, desânimo, desistir, alegria, profissão