domingo, 25 de maio de 2014

O desânimo na profissão contábil é justo?

Por vezes encontramos colegas desanimados com a profissão de contador. As reclamações são muitas e por vezes justas. Mas temos o direito de desistir? Existe profissão sem pedras pelo caminho?

Na profissão de contador, os motivos para nos entregarmos ao desânimo são tantos que em alguns momentos desejamos que nossos filhos nunca optem pela contabilidade. A extrema exigência por parte da fiscalização com pesadas multas, colegas menos experientes que aviltam os honorários, excessiva legislação tributária (mais de duas por hora) que nos obrigam a estudar constantemente, perda de clientes e redução da lucratividade são alguns dos principais motivos que desestimulam os profissionais da contabilidade e os fazem pensar que qualquer outra atividade os farão sofrer menos e serem melhores reconhecidos.

Mas necessário se faz a reflexão, pois há tantas situações que também apresentam barreiras tão grandes como as nossas, ou talvez ainda maiores. Vejamos o caso de Tony Melendez, o homem sem braços, mas que superou seus limites e tocou violão numa linda apresentação para o Papa Joao Paulo II; ou Vanderlei Cordeiro de Lima, o atleta brasileiro que sonhou com a medalha de ouro nas Olimpíadas de 2004 em Atenas, mas que devido ao protesto de um irlandês foi tolhido, porém não perdeu a alegria pela conquista da terceira colocação; ou da mãe etíope que vê seu filho morrer em seus braços por fome, mas alegremente o entrega a Deus.

Entendo que nós, contadores, exercemos uma profissão com tantos privilégios que só deveríamos agradecer a Deus por nos iluminar nesta escolha. Vejam alguns dos privilégios da profissão: toda empresa deve ser assessorada por um contador; o trabalho é exercido num ambiente saudável; a remuneração é acima da média do rendimento dos cidadãos brasileiros; a acirrada concorrência incentiva o profissional a manter-se constantemente atualizado, inclusive em relação à tecnologia; muitos cursos, congressos e seminários são promovidos, o que, além de contribuir para a constante qualificação profissional, permite ao contador viajar e conhecer novos lugares e pessoas; é um profissional respeitado pela sociedade, sendo o único que pode declarar, e ser aceito por todas as esferas, o rendimento de um indivíduo; por fim, digo que a magnitude da profissão é tão extraordinária que teve o seu início na Idade Moderna, dentro da igreja, por um frei.

Um pai não tem o direito de desanimar, pois é o alicerce da família. Um bom político deve dar exemplo de persistência e demonstrar que vai melhor; o piloto de um avião desgovernado deve lutar com todas as forças e calma até o último minuto na certeza que vencerá o iminente acidente; o professor da periferia sem as mínimas condições de lecionar faz o impossível e dá o que tem de melhor aos seus alunos; o maratonista não se entrega mesmo diante das adversidades e demonstra toda a alegria por finalizar a prova e o mundo o aplaude de pé pelo o que fez.

O contador é um maratonista sabedor de que a sua jornada é longa e exigirá determinação. Ele desconhece todos os obstáculos que podem surgir – alguns assustadores -, mas logo busca forças para superá-los. Pode ser até que ele não chegue em primeiro lugar, mas o pódio está garantido na vida dos nossos familiares e daqueles que torcem por nós.

Dizer que já lutou muito pela classe e isto de nada adiantou é atitude de um perdedor, pois sabemos que todas as barreiras colocadas podem e devem ser superadas. Assim conquistará forças suficientes para ultrapassar os próximos obstáculos. Quem desiste está acabado!

Não precisamos ser o profissional contábil reconhecido por toda a sociedade, mas dar o melhor de nós, sempre e sem desânimo, para contribuir com o crescimento da categoria é um dever a ser exercido com alegria, como o aviãozinho do Vanderlei Cordeiro de Lima ao final de cada nova conquista.

Tags: aviltamento, honorário, desânimo, desistir, alegria, profissão

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Líderes antigos e acomodados ou jovens sedentos por mudança?

O raio-X das empresas contábeis no Brasil revelado pela PNEC demonstra que o setor carece de verdadeira atenção de seus representantes. No entanto, a impressão que fica é que estes líderes estão noutro mundo de preocupações.

Basta acessar os diversos blogs na internet para constatar o clamor dos contadores por auxílio daqueles que ocupam cargos de representantes da classe, mas seus anseios ficam sem respostas e ações.

Nesta semana pude ler diversas mensagens desencontradas conclamando a interferência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Conselho Regional de Contabilidade (CRC) ou qualquer outro órgão que promova algum evento para debater as dificuldades da classe, especialmente financeiras, para juntos encontrar soluções para honorários mais justos capazes de viabilizar a prestação de serviços com mais qualidade. Infelizmente o que vemos são honorários cada vez mais achatados para tentar manter o cliente, atitude que piora ainda mais o mercado, pois sem recursos é impossível investir no negócio, baixando de vez o padrão do serviço.

A Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC) revelou claramente a situação acima exposta, ou seja, os salários dos colaboradores tiveram que ser aumentados para que os clientes e as empresas de softwares não os tomem. Hoje o custo médio de um colaborador está acima de R$ 2 mil (é um resultado para comemorar, não fossem os baixos honorários). O honorário médio pago pelos clientes é R$ 562,52, o que obriga a existência de uma vasta carteira de clientes. As empresas contábeis são formadas, em média, por nove colaboradores e 80 clientes, então cada colaborador é responsável por praticamente 10 empresas.

Mesmo assim o faturamento caiu, na afirmação de 33% dos que responderam a PNEC. O pior é que o lucro líquido também baixou, segundo 44% dos empresários contábeis que colaboraram com a pesquisa. E como está a inadimplência, as contas vencidas há mais de 30 dias divididas pelo faturamento de um mês? Este é outro assunto que descabela os empresários contábeis. Vejam que os cheques sem fundos em março atingiram o patamar de 2,21%, segundo a Serasa Experian, e isto tem assustado. As empresas de contabilidade, que muitas vezes são as últimas a serem lembradas de pagar, têm experimentado quase 11% de inadimplência.

A classe contábil no Brasil é expressiva - são quase 500 mil contabilistas e mais de 80 mil empresas de contabilidade -, formada na maioria por jovens com idade média de 29 anos, 57% graduados e 64% dos profissionais são do sexo feminino. Estes ingredientes todos estão fazendo a “água borbulhar” e irão eclodir para se adequar aos novos tempos. O primeiro deles será a substituição dos líderes antigos e acomodados por jovens sedentos por mudanças.


Vamos substituir nossos representantes, que se encontram desmotivados, por pessoas trabalhadoras e comprometidas com a base da classe contábil?

Tags: CRC, Sescap, Sescon, preocupação, interesse, honorário

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC) revela informações importantes

Conhecer a realidade do mercado é fundamental para o crescimento, inclusive porque as dificuldades detectadas podem ser superadas com a união do grupo. A PNEC cumpre seu objetivo e revela informações importantes das empresas contábeis.

A Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC) teve início no segundo semestre de 2013 com o especial apoio da Comissão de Precificação das Empresas Contábeis (Copsec) e foi encerrada em março de 2014. Contou com a participação de 191 empresas espalhadas por todo o Brasil que, voluntariamente, responderam aos 26 questionamentos. Esta pesquisa não tem cunho científico, mas cumpre o propósito de colaborar na construção do conhecimento.

Participaram da pesquisa 24 Estados, mas a concentração (69%) ficou no Paraná, com 28%, em Santa Catarina, com 23%, São Paulo com 11% e em Minas Gerais, com 7%. O sucesso no Paraná e Santa Catarina deve-se ao apoio do Sescap/PR e do CRC/SC.

O faturamento bruto anual das 179 empresas contábeis que responderam a este quesito totalizou mais de R$ 85 milhões, podendo-se afirmar que o número é expressivo para a análise desta atividade.

A seguir descreveremos os números revelados pelos empresários contábeis e que podem dar um norte à classe. Salientamos que houve perguntas que deixaram de ser respondidas pela totalidade dos empresários, então em cada um dos itens a ser apresentado será mostrado entre parênteses o percentual de respostas que validam em relação ao universo, que é de 191.

1)      O faturamento médio mensal das empresas (94%) é R$ 39.868,45;
2)      O custo médio mensal da folha de pagamento por empresa é R$ 22.113,64 (86%):
a.       O salário, encargos sociais e benefícios médios pagos por funcionário são de R$ 2.185,42 (73%);
b.      A folha de pagamento, com todos os encargos e benefícios, representa 45,23% do faturamento bruto (73%). Este valor não inclui o pró-labore;
3)      Na média, cada organização emprega 8,7 funcionários (98%);
4)      A receita bruta mensal por colaborador é R$ 5.088,58 (79%);
5)      O faturamento médio mensal por cliente é R$ 562,52 (91%);
6)      A idade média dos funcionários é 28,8 anos (83%);
7)      O sexo feminino representa 64% dos funcionários (83%);
8)      57% dos funcionários possuem a graduação (82%);
9)      Em média, os funcionários das empresas contábeis trabalham 40,5 horas por semana (81%);
10)  A idade média das empresas contábeis é 13,6 anos (83%);
11)  As organizações são compostas por 1,9 sócios em média (98%);
12)  As empresas contábeis possuem, em média, 77,9 clientes ativos (96%);
13)   67% das organizações contábeis afirmaram que o faturamento de 2013 aumentou em relação aos últimos cinco anos (93%);
14)  Apenas 56% das empresas afirmaram que o lucro líquido de 2013 também cresceu se comparado aos últimos cinco anos;
15)  41% dos sócios informaram possuir outra atividade econômica além da profissão contábil (92%);
16)  Os gastos fixos representam 22% do faturamento (84%);
17)  O lucro líquido é de 26% do faturamento bruto (83%);
18)  A inadimplência é de 10,8% sobre o faturamento de um mês (84%). Chamamos a atenção que este número é o resultado do somatório das contas a receber vencidas há mais de 30 dias, mas não perdidas, dividido pelo faturamento médio mensal;
19)  O controle do tempo nas tarefas já é praticado de alguma forma por 28% das empresas entrevistadas (91%);
20)  Apenas 6% das organizações conhecem o lucro ou prejuízo que cada cliente gera no processo da prestação dos serviços contábeis (83%)
21)  O livro “Honorários Contábeis” é conhecido por 39% dos entrevistados e 11% já o leram (92%)
22)  São 43 softwares utilizados pelas 182 empresas contábeis que responderam à esta questão e a nota média atribuída foi 8,1(em que a máxima era 10). Um software é utilizado por 49% das empresas.

Compare as informações acima, obtidas graças ao empenho de empresários contábeis abnegados e dispostos a contribuir com o crescimento da classe, com o desempenho médio da sua empresa e verifique onde está bem e em que é preciso melhorar.

Se você não participou desta primeira pesquisa esperamos tê-lo na próxima, que deverá ser realizada em breve, para juntos traçarmos o perfil das empresas contábeis no Brasil com maior precisão.

Detalhes da pesquisa poderão ser solicitadas através do e-mail gilmarduarte@dygran.com.br, mas deverá informar o que deseja.

Tags: PNEC, pesquisa, contábil, contador, Sescap, CRC, organização