segunda-feira, 30 de junho de 2014

Pesquisa do CFC: Perfil do contador brasileiro

Mais uma pesquisa que apresenta o perfil e as dificuldades encontradas pela classe contábil. A colaboração do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e conselhos regionais é determinante para atingir 12.544 respostas.

Conhecer como atuam os contadores do Brasil é de fundamental importância para saber quais são as principais dificuldades da classe a fim de auxiliá-los. Os professores Ricardo Lopes Cardoso e André Carlos Busanelli de Aquino, com o apoio do sistema CFC/CRCs, lançaram a "Pesquisa Perfil do Profissional da Contabilidade 2012/13", cujo resultado está disponibilizado gratuitamente no portalcfc.org.br.

Recentemente foi divulgado o resultado Pesquisa Nacional das Empresas Contábeis (PNEC) realizada nos mesmos moldes desta, ou seja, com participação anônima e voluntária. A pesquisa do CFC representou 2,5% do universo de contadores e técnicos.

Abaixo transcrevo e comento alguns dos números revelados pela pesquisa:

- 21% tem sua própria empresa de contabilidade/auditoria, 9% são autônomos e 11% são funcionários das empresas contábeis. Chamo a atenção que quase 27% são funcionários das demais empresas da iniciativa privada. Assim é possível concluir que as empresas contábeis são formadas por grande parcela de funcionários que não estão registrados junto ao CRC;

- Mais de 60% gozam menos de 15 dias de férias anualmente. Este número revela a dificuldade da administração do tempo ou a necessidade de trabalhar para aumentar a renda;

- 37,4% desenvolvem paralelamente outras atividades com o objetivo da complementação da renda e/ou porque se trata de uma atividade complementar. As principais atividades citadas são consultor, professor, desenvolvimento de software, comércio e produtor rural;

- Quase 70% responderam que 80% ou mais da renda é proveniente da atividade contábil; 8% disseram que a renda proveniente da atividade contábil não passa de 40% da receita total;

- As principais dificuldades apontadas, já conhecidas de todos nós e também reveladas pela PNEC são:
            1) Burocracia dos órgãos públicos (78,6%);
            2) Constantes mudanças na legislação (76,8%);
            3) Falta de valorização pela sociedade (76,4%);
            4) Carência de bons cursos a preço acessível (68,1%);
            5) Falta de unidade da classe (65,6%);
            6) Concorrência desleal (57,7%).


Esta pesquisa é mais uma ferramenta importante para conhecer a realidade, mas de pouca utilidade se ficar somente nisto. Precisamos buscar soluções para ajudar a solucionar os principais entraves na vida dos contadores que sabiamente estão elencados nesta pesquisa.


Tags: pesquisa, CFCCRC, contador, honorário

segunda-feira, 23 de junho de 2014

NÓS, CONTADORES, E A SALVAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A constituição e a mortalidade de empresas são tratadas friamente em pesquisas e estatísticas nem sempre muito confiáveis. Uma ferramenta capaz de mudar o cenário real e virar o jogo de uma vez por todas está muito perto do governo e dos contribuintes.

A empresa é o resultado do sonho de uma ou mais pessoas físicas que colocam suas aspirações em prática. O ideal, aos poucos, se transforma num conjunto de ações bem coordenadas e oferece trabalho para o sustento de muitas famílias. O contrário também pode acontecer: um pesadelo com profundas marcas que só o tempo conseguirá apagar.

É função do governo oferecer condições para o surgimento e o fortalecimento desses empreendimentos, pois as empresas são as maiores geradoras das riquezas de um país.

A publicação recorrente de pesquisas a respeito do crescimento do número de empresas constituídas e também das baixadas suscita grande desconfiança, especialmente por parte dos contadores, quanto à eficiência dos resultados apresentados. A título de exemplo citamos uma pesquisa do Sebrae-SP que, baseado em dados compreendidos entre 2000 e 2005 fornecidos pela Junta Comercial de São Paulo, concluiu que 27% das empresas encerram as atividades no primeiro ano e apenas 36% permanecem em atividade após o sexto ano.

Infelizmente, muitos “empreendedores” fazem uso de subterfúgios para deixar de honrar compromissos com terceiros, inclusive o governo. Empresas podem se transformar em duas, três ou mais apenas nos órgãos governamentais, quando, em realidade, trata-se de uma só. Também se baixam empresas sem que as atividades sejam encerradas. A pergunta que fica é: como obter dados estatísticos verdadeiros para criar ações de proteção e auxílio?

Num país em que os espertalhões enriquecem injustamente, a exemplo dos “anões do congresso”, “mensalão”, do ex-juiz trabalhista Nicolau dos Santos Neto e, mais recentemente, do doleiro Carlos Alberto Youssef, sobram péssimos exemplos para incentivar a nação a buscar meios de crescer de forma justa e ordeira. Alguns empresários reclamam dos administradores públicos, esquecendo-se das inúmeras vezes em que fazem uso dos mesmos expedientes. A punição aos corruptos/espertalhões deve alcançar todos os agentes, públicos e privados.

O projeto de Lei 113/2011, que está tramitando na Câmara dos Deputados, pretende implantar o não pagamento de tributos, nos primeiros quatro anos, para as micros e pequenas empresas incluídas no Simples Nacional. A intenção é permitir que estas empresas só contribuam com os cofres públicos quando começarem a obter lucro. A intenção é muito boa, mas os empresários dificilmente começarão a lucrar sem assessoria profissional. Ao final dos quatro anos baixarão a empresa e constituirão outra em nome de terceiros, engrossando os equivocados índices de abertura de encerramentos de empresas no Brasil e desperdiçando dinheiro público.

Segundo a pesquisa acima citada, 28% dos ex-proprietários das empresas que encerraram as atividades disseram que a salvação poderia ter sido um empréstimo bancário. Para 18% deles, uma consultoria empresária impediria o naufrágio.

O mercado dispõe de excelentes contadores capazes de assessorar estes empresários, mas estes, infelizmente, contratam o profissional mais barato, acreditando assim reduzir as despesas e crescer mais rapidamente. O governo deveria criar uma ferramenta para remunerar o contador que auxilia o empresário em sua gestão, pois certamente a nação ganhará muito mais do que simplesmente deixar de recolher tributos por quatro anos.

Esta orientação poderá contribuir com a veracidade das estatísticas. Os contadores, por sua vez, investirão sua experiência para ajudar o Brasil e ainda poderão fidelizar os clientes.

Tags: pesquisas, estatística, mortalidade, abertura, constituição, empresas,

domingo, 15 de junho de 2014

Praticar honorários justos é vantajoso para todos!

Como desejar ser bem remunerado sem ao menos conhecer a metodologia de calcular o valor justo? Dê o primeiro passo e tenha a certeza que toda a sociedade irá lucrar com esta atitude.

Uma ação mal executada provoca estragos enormes, como empurrar a primeira peça de uma fileira de dominó.  Da mesma forma, uma atitude bem planejada gera incontáveis benefícios em efeito cascata para o bem coletivo - fornecedor, cliente, colaborador e sociedade.

O cliente normalmente deseja preços cada vez mais baixos sem analisar as consequências que tal exigência poderá gerar. Pretender altos lucros pensando apenas numa pessoa ou empresa jamais trará resultados positivos para a coletividade e, na maioria das vezes, nem mesmo para aquela única empresa. Fornecedores e colaboradores que recebem valores baixos não conseguem oferecer mercadorias ou serviços de qualidade por muito tempo.

Vejam o que o efeito dominó poderá provocar com a prática de valores justos nos honorários do contador:

·         Empresas contábeis eficientes.
o   praticar preços justos é diferente de cobrar caro ou barato, mas aplicar corretamente os custos e margem de lucro digna;
o   com a gestão do tempo dos colaboradores obtêm-se mais informações para administrar a organização (tempo, tarefas, custos e preços).

·         Clientes bem assessorados e satisfeitos com o trabalho do contador.
o   a cobrança de preços justos aproxima o contador do cliente, que reconhece pagar mais por um custo benefício altamente vantajoso;
o   esta proximidade permite ao cliente receber apoio para a gestão da empresa, tornando mais fácil a análise das informações e a obtenção da rentabilidade desejada.

·         Empresas duradouras e/ou longevas.
o   cercadas de profissionais competentes e continuamente atualizados  assessorando-as na geração e análise das informações, as empresas durarão mais.

·         Qualidade de vida aos cidadãos.
o   a oferta de mais empregos com remuneração justa diminui a taxa de desemprego;
o   empresas bem estruturadas que crescem e perpetuam reduzem o desperdício gerado pelas empresas que quebram, aumentando a arrecadação dos tributos que retornam para a população por meio do investimento na saúde, educação, estradas etc.

Os contadores, mais especificamente os empresários contábeis, devem dar o primeiro passo para conhecer com afinco a metodologia de precificação justa e aplicar em seus negócios. Claro que exige tempo e determinação. Veja, por exemplo, que para se graduar em contabilidade são necessários ao menos quatro anos.

Faça bem a sua parte e verá como é bonito o efeito dominó que se desenvolverá. 

Tags: dominó, preço justo, honorário, remuneração.

domingo, 8 de junho de 2014

Como se proteger do aviltamento dos honorários?

Para vencer uma guerra é necessário estudar detalhes da atuação do inimigo e, de forma unida, atacá-lo. Coibir a prostituição dos honorários contábeis exige a mesma estratégia.

Na semana passada um leitor fez a seguinte indagação no artigo que publiquei sobre os critérios para precificar os serviços contábeis: “E como ficam os que praticam o aviltamento cobrando mixarias e acumulando clientes?” Agradeço a oportunidade de poder refletir mais uma vez sobre este espinhoso tema que é o aviltamento.

Primeiramente, com o auxílio de dicionários busquei o significado de aviltamento e vejam os muitos adjetivos e que, a meu ver, são próprios para definir o que ocorre na profissão contábil: indignidade, desonra, descrédito, depreciação, desvalorização, desprezível e um termo ainda mais pesado - canalhice.

Atenção: a abordagem aqui é específica para o meio da prestação de serviços contábeis. Como acontece o aviltamento ou a prostituição do mercado? É bastante simples a técnica destes maléficos profissionais. Primeiro eles conquistam os clientes, especialmente aqueles que só enxergam o preço, oferecendo-se por valores muito abaixo do mercado, só que não entregam o serviço completo. Claro, eles prestam só uma parte do serviço, pois do contrário não teriam recursos financeiros para manter funcionários capazes, constantemente treinados e na quantidade necessária. O cliente não percebe que o serviço está incompleto, só descobrirá depois de muito tempo. E daí as atribulações podem ser grandes.

Até aqui não há nenhuma novidade e como já escrevi diversas vezes, de nada adianta chorar e/ou reclamar. É preciso planejar uma ação que bloqueie os malfeitores. Uma das formas seria fiscalização duríssima nas empresas contábeis visíveis e naquelas que ficam escondidas, principalmente. Infelizmente, esse pedido já foi implorado, sem sucesso, junto aos conselhos regionais de contabilidade.

Diante deste cenário proponho duas ações que certamente desarticularão a façanha destes predadores dos serviços de contabilidade com qualidade: divulgação e união.

Divulgação – é necessário aprender a divulgar a qualidade dos serviços. Jeffrey Thull, autor de livros e requisitado consultor na área de estratégia de vendas, disse que “para que esta venda seja bem-sucedida é imprescindível conferir ao cliente a possibilidade de entender o real valor do que você está fornecendo”. Como se pode desejar que o cliente escolha, ao invés do preço, a qualidade do serviço, se ele não compreende a real importância e necessidade daquele trabalho?

União – não dá para esperar que alguém faça o trabalho por você. É preciso unir pessoas com os mesmos ideais e debater o tema até encontrar soluções. Desenvolver campanhas de conscientização dos clientes e de fortalecimento fica mais barato quando a ação é dividida pelo grupo. Contrate consultores, palestrantes e outros profissionais do interesse mútuo.

União e divulgação são as armas que darão a vitória aos profissionais contábeis honrados e desejosos de servir a sociedade com qualidade, mas a preços justos.

Tags: aviltamento, honorário, prostituição, qualidade, contabilidade, divulgar, unir

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Você tem critérios para precificar os serviços contábeis?

Você acredita que uma indústria terá sucesso prolongado sem a adoção de rígidos controles dos custos e formação do preço de venda? Acredito que sua resposta foi não. E numa empresa contábil? Seria diferente?

Definir o preço de venda para um bem ou serviço deixa qualquer um embaraçado, pois nem sempre há, ou são desconhecidos, critérios lógicos e simples para uma determinada categoria. Dá a impressão que fazer uso de contas é tarefa para poucos, já que matemática é uma matéria pródiga em deixar traumas no tempo escolar.

A indústria talvez tenha sido a pioneira no aprofundamento do estudo da precificação, e ainda hoje se mantém na vanguarda. Com ela aprendemos muito e todo este conhecimento pode ser adequado para qualquer outro ramo de atividade. Dentro da indústria, e assim deve ser em qualquer atividade, a meta é conhecer o custo mais próximo possível do real para somente depois definir o preço de venda, ou seja, conhecer o valor que o mercado está disposto a pagar pelo bem ou serviço oferecido. Claro que o objetivo número um é produzir algo que proporcione a rentabilidade justa. Quando esta rentabilidade for negativa ou baixa é normal se optar por outro produto, mercadoria ou serviço que remunere melhor o capital investido.

Aqui se encontra o grande impasse: conhecer o custo real. Para definir o preço de venda, alguns empresários adotam critérios tais como 50% do preço da concorrência, o custo vezes dois ou R$ 100,00 por hora trabalhada, sem conseguir explicar como fizeram para chegar ao valor da hora.

Nós, empresários contábeis, muitas vezes reclamamos com razão do “aviltamento dos honorários”, o que é naturalmente possível enxergar sem fazer qualquer conta. Mas sabemos como deve ser formado o custo e descobrir a lucratividade que cada cliente gera? Se você conhece os custos, a lucratividade por cliente e tem segurança para definir o preço de venda, então você faz parte de uma pequena minoria privilegiada, senão está com a grande maioria que se encontra assustada com tudo que acontece e sem saber o que fazer, especialmente quando o cliente solicita um desconto para continuar em sua carteira. Esta e as perguntas seguintes são para você responder:

1-      quais são os critérios usados pela sua empresa para definir ou saber se o honorário do seu cliente gera lucratividade?
2-      você sente segurança para definir o valor do honorário ou dos serviços acessórios que oferece?
3-      dou o desconto ou é melhor deixar o cliente sair?

Tenho a grata satisfação de escrever semanalmente para mais de três mil leitores. Com satisfação recebo elogios e críticas, então quero dizer com bastante segurança: amigos, saiam do conforto e busquem um critério adequado para conhecer a lucratividade por cliente. O método mais adequado é fazer o controle do tempo consumido nas tarefas para o cliente. Este critério, que parece ser difícil de implantar, o é certamente, mas somente no primeiro mês. Depois se torna algo muito natural e o resultado é grandioso, a exemplo da atividade física. O começo, desanimador, se torna prazeroso à medida que os benefícios aparecem.

Participei do desenvolvimento de um software de precificação, implantei a metodologia do controle do tempo em minha empresa contábil há mais de três anos, participo de um grupo que debate este tema constantemente, escrevi o livro “Honorários Contábeis. Uma solução baseada no estudo do tempo aplicado”, que detalha o processo de implantação e proferi palestras por diversos Estados.


Este know-how me dá - ao menos, acredito -, o direito de afirmar que conhecer o valor da hora trabalhada e os tempos aplicados permite a precificação justa, além da melhor gestão da sua empresa.

Tags: Precificar, preço, honorário, custo, livro, critério, hora.