Jargão de péssimo
gosto de um representante do Governo Federal tenta desvalorizar a classe contábil. Será que
ele tem razão naquilo que falou?
No
domingo passado (27/07/14), na Globo News, três economistas indicados pelos
candidatos à
presidência da República, Aécio
Neves (PSDB), Dilma Rouseff (PT) e Eduardo Campos (PSB) foram entrevistados
para discutir as propostas dos concorrentes ao cargo máximo
do executivo nacional.
O
economista Márcio Holland,
indicado da petista, esforçou-se
muito para defender a política
atrapalhada que Dilma vem comandando, mas claramente foi trucidado pelos adversários. No decorrer do debate, Gianetti, que representou Eduardo Campos,
chegou a dizer ao colega: "Entendo sua posição
de ter que defender o que foi feito nos últimos
anos, mas não dá pra
tapar o sol com a peneira."
Em
minha opinião, o momento mais deplorável do representante da presidente e
candidata à
reeleição aconteceu quando ele atacou
gratuitamente a classe contábil,
aquela mesma que é
a
principal parceira do governo, segundo eles, para a legalização das empresas e a redução da sonegação tributária.
Este "economista", ao tentar se
defender do abuso do governo ao conceder empréstimos
incentivados do BNDES, mas que não
está
pagando
a conta, rebateu dizendo que isto "é conta de contador". É
notório que o objetivo dele foi dizer que
os números não
podiam ser vistos com a simplicidade ponderada pelos adversários. Tentou dizer que 2 mais 2
necessariamente não deve ser 4, mas pode ser 5, 10 ou
20. Claramente observou-se o famoso jeitinho brasileiro tão
banalizado, especialmente no meio político.
Naquele
momento fiquei muito desapontado por observar pessoas pagas com os nossos
tributos fazendo uso de emissoras com alta audiência
para proferir absurdos e tentar banalizar o trabalho sério
da classe contábil brasileira. Mas refleti muito no
decorrer da semana e observei que, sem querer, ele falou a verdade. Conta de
contador é
exata!
2 mais 2 sempre foi 4 e para os contadores nunca deixará de
ser.
Ao
interpretar um número, por exemplo, o Índice de Liquidez que o balanço aponta para 0,8, não dizemos qualquer outro número, pois a verdade é
exatamente
0,8. Os contadores podem e fazem análises
com mais profundidade. Vejamos, a título
de exemplo, algumas análises
proferidas pelos contadores:
. No exercício
anterior o índice foi maior, porém neste os investimentos para o
aumento da produção exigiram a redução
da liquidez imediata.
. A tendência
para os próximos dois exercícios
é
que
o índice caia um pouco mais, podendo
chegar a 0,6, mas depois voltará a crescer até chegar
ao desejável, que é 1,2.
. Observem que o índice
de liquidez caiu, mas a lucratividade teve crescimento de 5% em relação ao ano anterior.
No
exemplo acima, vejam que foi justificado o mau desempenho de um indicador com
informações verdadeiras, sem necessidade de
mentiras ou ofensas. Está é a atitude do contador.
Parabéns, contadores, e continuem fazendo “Conta de Contadores”, pois aos poucos conseguiremos
transformar o Brasil numa nação
séria. Elegeremos representantes
honestos e estes indicarão
auxiliares igualmente honestos que jamais aceitarão
cargos para mentir ou ofender o seu povo.
Leia
sobre a entrevista em
http://www.em.com.br/app/noticia/economia/2014/07/28/internas_economia,552778/economistas-de-presidenciaveis-debatem-cenario-economico.shtml
Tags: conta, contador, Dilma, Holland, economista,
Gilmar
Duarte da Silva é
contador,
diretor do Grupo Dygran, palestrante, autor do livro "Honorários Contábeis"
e membro da Copsec do Sescap/PR.
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