Resumo: Muito dinheiro arrecadado por instituições sindicais é mal
aplicado em função do desconhecimento das necessidades dos associados. Realizar
pesquisas bem planejadas é o caminho acertado para a boa gestão sindical.
Tags: sindicato, satisfação, igreja, pesquisa, felicidade, líder.
Qualquer tipo de organização social evidencia a vaidade do dirigente.
Alguns se apegam de tal maneira ao cargo que só saem quando vão para o
cemitério. Sabemos que o giro de lideranças é o fator que mais oxigena e
fortalece um grupo de pessoas.
Até mesmo nas igrejas isto acontece. Algumas pessoas se apoderam dos
cargos e dificultam a entrada de novos integrantes, fazendo com que os fieis
comecem a murchar e, aos poucos, desaparecem, pois ninguém se sente bem permanecer
onde é desvalorizado.
O desaparecimento dos fieis começou a preocupar algumas igrejas, que promovem
reuniões com os poucos que restam e pedem auxílio para descobrir o motivo do
esvaziamento. Ouvir os fieis, inovar o estilo dos encontros, dar oportunidades
para todos e respeitar a individualidade daqueles que não desejam se expor são
ferramentas que podem contribuir para atrair os menos participativos.
As pessoas necessitam viver em grupos para melhorar as condições de
sobrevivência e ser mais felizes. Tanto é assim que formam grupos de jovens, de
casais, grupos para praticar atividades desportivas, de idosos, empresários, empregados
e muitos outros, todos em busca de momentos que tornem a convivência mais harmoniosa.
Que felicidade é esta que tanto os seres humanos procuram? A força da
união permite enfrentar com maior facilidade as adversidades que surgem
diariamente. Pessoas com deficiência física se reúnem para exigir direitos de
acessibilidade, pois quando conseguem ruas mais seguras, prédios passíveis de
circulação e banheiros adequados, tornam-se mais felizes.
Os empresários se reúnem em grupos, de preferência por tipo de atividade,
para discutir seus problemas e criar condições mais adequadas para enfrentá-los.
Quando feita em grupo, a busca pela qualificação profissional por meio de treinamento
e desenvolvimento de tecnologias acarreta menor custo para todos.
Quando o motivo da união deixa de existir, ou seja, não gera condições
favoráveis para seus associados
serem mais felizes, o grupo está fadado ao abandono. No caso dos sindicatos, quando
isso acontece e o associado não enxerga mais motivos para contribuir com este
grupo, pois pouco ou nada proporciona de retorno, somente a lei consegue exigir
receita, ou seja, o pagamento da Contribuição Sindical.
Conheço alguns sindicatos dos quais empresários fazem questão de ser
associados, pois o retorno é visível. Isso normalmente acontece quando o
sindicato é novo e as pessoas que o dirigem têm o firme propósito de ficar
pouco tempo na liderança e promove a oxigenação da diretoria, ou seja, o
rodízio de seus líderes.
A vaidade da liderança faz com que temas menos importantes, ou defendidos
pela minoria sejam mais valorizados. Muitos líderes desconhecem a verdadeira
necessidade de seus associados e propõem serviços indesejados por eles. Isso provoca
o desaparecimento de muitos membros e o consequente enfraquecimento da entidade.
Para manter qualquer grupo de pessoas sempre unido é necessário que todos
estejam satisfeitos. Mas como fazer para manter as pessoas saciadas? Certamente
a tarefa não é das mais fáceis, pois exige o desapego de muitas vaidades e a
humildade de estar próximo dos participantes e ouvi-los. Quando o grupo é
grande, pesquisas tornam-se um eficiente instrumento para conhecer os anseios
de todos.
A pesquisa precisa ser bem planejada, com metodologia que permita às
pessoas se manifestar. Pesquisa mal preparada e mal aplicada só serve para
chatear mais ainda os associados. Tomar decisões com base em resultados
inadequados pode resultar num bom discurso, mas certamente será um desastre se
a intenção é obter a satisfação dos associados no momento de colocar as ações
em prática.
Gilmar Duarte da Silva é empresário
contábil e autor do livro "Honorário Contábil. Uma solução baseada no
estudo do tempo aplicado".
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